quinta-feira, 7 de julho de 2011

Não existem mais Gaúchos

Esse foi o segundo assunto falado pelo meu amigo e irmão Renatinho (pão com ovo) na saída da radio Cassino...
"Não existem mais gaúchos!"

Barbaridade, manda internar esse vivente!
Oigalê Tchê!
Uuuuu Bichera!
Vai levar uma tunda de mango!
Que fique bem claro que sou gaúcho e concordei plenamente com isso.

Vamos lá para a definição do termo "Gaúcho": conforme o dicionario gauches-português do bablilon transleites: http://dicionario.babylon.com/ga%C3%BAcho/
Nome pelo qual é conhecido o homem do campo da região dos pampas da Argentina, Uruguay e Rio Grande do Sul. O lendário "Centauro dos Pampas".
 
Bueno, aquele que possui conhecimento sobre, sabe muito bem que o homem do campo é o sujeito que anda de forma livre pelos pampas, assim sendo, podemos considerar ele como um "Teatino".
Barbaridade, o que é "Teatino"?
Teatino também é dentro do seu significado: O mesmo que andejo, gaudério, que caminha à toa, sem rumo.

Porém esse gaúcho que era carneador, alambrador, domador e apartador tinha uma querência, ou seja, sua casa . Mas ao longo do tempo ele abdicou da sua casa por diversos motivos, e um deles foi simplesmente a sua liberdade em vagar pelo pampa de bolicho em bolicho, de baile em baile.
Para fazer isso tinha-se que pagar um preço. Ou tu achas que a boia (comida), o pingo (cavalo), as chinas (mulheres) e as bebidas eram de graça?

Como o mundo se tornou capitalista e o Brasil precisava de comida e era exportador de matéria prima para a Europa, surgiu uma nova classe na sociedade brasileira, o Estancieiro. Não precisamos dizer que eram pessoas abastardas da sociedade. Ah ia me esquecendo, Maçons. Vide a bandeira do Rio Grande do Sul que possuí no brasão os símbolos e o lema da maçonaria: "Liberdade, Igualdade, Humanidade".
(clique na bandeira lá em cima para ver)
Como ele era rico e comprava grandes terras para seu gado e a produção do charque, que mais tarde teu outro tumulto que resultou na Revolução Farroupilha; que por sinal foi uma revolta dos ricos (ahaaaa.... os Estancieiros) e não dos pobres (os escravos, os teatinos), pois o Império comprava carne do Uruguay e Argentina e não do Sul do Brasil como forma de embargo. Mas isso é outra historia que nem vou contar.

Voltando...
Tinha o rico que queria comprar terras pata espandir seu negocio e o gaúcho que tinha sua terrinha mas não queria perder suas regalias e liberdade. O que aconteceu? O gaúcho vendeu suas terras por um bom preço e saiu de vereda a camperiar pelos pampas aonde quisesse.
Bailes, bolichos, chinas, e por ai vai custam dinheiro como sabemos e chega uma hora que vem aquela frase: "Yo no tengo plata! (Eu não tenho dinheiro!)".

Ai esta a esperteza do estancieiro, um dia teria que acabar a plata do gáucho e ele teria que voltar e pedir algum serviço para continuar a ter suas regalias. Mas isso também iria custar um preço, e esse preço ela algo de valor que todos temos ou achamos que temos hoje: "a Liberdade".

Como vimos na definição, o gaúcho é o homem do campo, o homem livre que anda pelo os pampas, aquele que tem como dono ele mesmo, o sujeito livre.
E como a guaica (cinturão multi uso) não tinha mais plata, o gaúcho sem terra (naquela época não existia o MST) precisava um modo de ganhar dinheiro. Mas sem nada? Como fazer?
Ele voltou e pediu para o estancieiro um emprego!

No momento que o gaúcho avançou a porteira da estancia, ele deixou de ser gaúcho e virou um peão de estancia. 

Repetindo: No momento que o gaúcho avançou a porteira da estancia, ele deixou de ser gaúcho e virou um peão de estancia.

UM PEÃO!
Não há nada de mal ser um peão, porém toda sua cultura e liberdade deu lugar a patronagem.
Lá se foi sua liberdade!

A liberdade dele era só aos fim de semana, porém seus pertences estavam aonde? Na estancia, ele era livre não sendo livre.

Por isso hoje o gaúcho na sua origem inesite. Podemos estar errados sim! Caso sim, o que vemos hoje é um homem que ainda guarda sua essencia de liberdade nas suas veias a beira da extinção. O que existe hoje na sociedade em sua maioria - tanto na capital quanto no interior - são as heranças culturais daquilo que realmente era um gaúcho. E o que sobrou hoje foi o termo usado na antiguidade definindo aqueles que andavam livremente pelos pampas na Argentina, Uruguay e Sul do Brasil.

Hoje em dia se olharmos bem, somos todos peões!

Esta foi a pequena convesa que tivemos na porta da saída da rádio, portanto, peço desculpa se ficares ofendido com aquilo que escrevi aqui.
A historia conta os relatos dos vencedores e omite os fracos e os perdedores.
Mas para fazer isso não precisamos mentir e nem aumentar a história.
Muito menos apagar a verdade!

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Alguns endereços interessantes que achei na internet:
http://www.revistatemalivre.com/temas.html
http://www.revistatemalivre.com/silmei12.html

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