domingo, 26 de junho de 2011

Mais uma Entidade

O motivo desse texto foi o que disse meu amigo de infância, e quis Allah que nos tornássemos muçulmanos - o que duplicou os laços entre nós; agora somos além de amigos, irmãos de fé por Allah - quando estavamos saindo da radio Cassino em Rio Grande, quando o Renatinho (vulgo pão com ovo) falou 2 coisas que me deixaram de boca aberta e me mostraram o porque do individualismo hoje em muitas áreas (ou todas elas) na sociedade brasileira.

E isso tem haver com o titulo do texto? Perfeitamente!

Hoje cada vez vemos novas entidades sendo fundadas e o fato de que as pessoas preferem sempre o trabalho individual ao invés do coletivo. Isso fica claro e explicito nos esportes coletivos, ainda mais no futebol, pois cada um quer a bola para si e depois que consegue, demora para passar. Sempre querendo um drible mais e por ai vai, no final das contas acaba perdendo para um time mais fraco muitas vezes, porém esse pequeno possui o trabalho coletivo.

Agora iremos entender por que sempre querem abrir uma nova entidade, por que cada um trabalha por conta própria, o por que de difundir da sua forma, por que de querer chamar atenção. Resumindo alguns porques, porquês, por ques e porquês.
Uma das palavras foi a não existência do gaúcho legitimo... mas isso fica para outro texto.
A outra foi como surgiu o individualismo da sociedade Latino Americana.

Aquilo que citarei da minha parte [Tio Luis] estará dentro de colchetes. Colchetes não é colcha pequena, colchetes é isso aqui [ ].

Bem, o Renatinho nos transmitiu as palavras de seu professor de Sociologia na Faculdade de Direito, onde citou a origem dos escravos "vindos" da Africa. Vindos? Vindos não! Sequestrados da Africa!
Ele citou os Fulanis, Yorubas, Nagos e Gegis, mas para enriquecer este texto fui a caça na internet de maiores informações e achei a seguinte citação abaixo vise endereço:
http://www.paijulioesteio.kit.net/religioes_de_matriz_africana_no_contexto_geral_no_brasil_9.htm

"Dos estudos já realizados, reconhece-se desde o séc. XVI a presença no Brasil de africanos de origens de Nações “Bantu”, a esse grupo pertenciam os negros chamados e de Nações:  do Kongo; Angola; Moçambique; Makuas; Kabinda; Benquela; Monjolo, Musikongos, Rebolos, Munjolos etc... Mais tarde, a vinda dos povos de Nações Sudaneses com o seu linguajar de origem Yorùbá, a “língua geral” dos escravos, em muitos Estados do Brasil, tendo dominado as línguas faladas pelos escravos de outras Nações existentes em nosso País. Para melhor definição do idioma Yorùbá: pertence ao grupo “Kwa” de Línguas Sudanesas e ao grupo Nígerokameruniano, compreende vários sub-grupos e dialetos, e entre os quais o “Egbá” que inclui  a Nação de Keto (Kétu) -  e a Nação de Ijexá (Ìjèsà) – e a Nação de Òyó, sendo a mesma, a Região e Cidade da Nigéria, África Ocidental, antiga Capital Política do reino de idiomas Yorùbá e a de maior importância cultural e religiosa entre os povos sudaneses; desta Nação, região e cidade vindo negros escravos com ritos próprios, subsiste até hoje no Estado do Rio Grande do Sul, assim como, povos de Nação Ewe ( evoes) também chamados de “anago” – nome dado pelos “daomeanos” aos povos que falavam o Yorùbá, tanto na Nigéria como no Daomei, Togo e arredores e que os franceses chamavam apenas de “Nagô”. Portanto, Nagô não é uma Nação Africana e sim todo os povos Sudaneses que falam o idioma Yorùbá. Com os povos africanos, vieram também os cultos religiosos de cada região de sua origem, e, que devido aos empórios de escravos e a mistura destes, e também de rituais, originaram as chamadas religiões, hoje, chamadas por muitos de afro-brasileiras, eu prefiro, chamar de africanistas".

Agora continuamos o assunto que meu irmão e amigo de infância e  velhice começou na saída da rádio.

Imagine essa gama de etnias encarceradas numa prisão, todos  sendo separados de suas familias, amigos e parentes, logo após misturados, sendo que muitos que estavam ali eram inimigos dos outros. Uma mistura de linguagens e culturas onde ninguém se entendia, justamente para que? Não acontecer um rebelião ou revolta.
Toda essa ardil sistemática foi usada pelos brancos quando transportados os "negros" no porão do navio e nos locais para onde foram sequestrados. Que por sinal a palavra "negro" usada ainda hoje de forma pejorativa e ofensiva. A palavra melhor para ser usada é preto, até porque o oposto dessa palavra é branco e não negro. Outra coisa é que existem hoje enumeras divisões feitas pelo branco ao preto no brasil decorrentes disso como uma forma de  desagregação. Vemos hoje infelizmente pessoas se intitulando, negros [palavra de uso pejorativo], mulatos [vem de mula], crioulos [que nasce sob a propriedade do estancieiro e recebe a sua marca], cor de cuia, moreno, neguinho e por ai vai.
Que conste que a sociedade politizada do Rio Grande do Sul, precisamente na cidade de pelotas na década de 70 se considerava repugnante um preto andar na calçada. Devido a isso eles assim caminhavam no meio da rua.

[Vide esse fato relembramos a palavra marginal... a margem.]

Infelizmente as pessoas que são excluídas da sociedade moram hoje em favelas, estas compostas por 70% de pretos vide esse e outros fatos ocorridos no longo da historia. Ontem eram os quilombos e hoje são as favelas.
Voltando para o tema principal...
Da mesma forma fora presos os pretos dentro da senzala, justamente para  não ter a possibilidade de causar rebeliões como falamos antes. Começa ai o individualismo das pessoas, pois na senzala era cada um por si, do seu lado existiam pessoas que não falavam sua língua e muitos eram seus inimigos de anos.
Cada um em seu canto bem quieto cuidando de si mesmo, dia após dia sofrendo e apanhando, apanhando e sofrendo, fazendo algo que não queria em um terra estranha com pessoas de línguas, hábitos e culturas estranhas para ele.
Do outro lado temos o branco que era o senhor do engenho e dono dos escravos controlando-os. Todos sabemos que no meio dos escravos haviam, homens mulheres e crianças. Logicamente como o senhor do engenho não tinha nada a perder e observava as mulheres no meio dos escravos e como dizemos, se agradava por uma delas. Já que era dono dela, pegava a força e fazia sexo com ela.
Mais tarde nascia o filho dessa relação estupida, sendo que essa criança traria um grande problema na família do branco. Imagine o senhor do engenho, o rico, o senhor do engenho  que é casado e ambos são de família nobre, membros da elite da sociedade luso brasileira ter um filho de uma escrava.
O que ele fazia então? Ou matava a criança e colocava fim nesse problema ou..... retirava essa criança dos braços da mãe na senzala e trazia para dentro da casa do senhor. 
Sem hipocrisia, ela mesmo era diferente das outras, a cor da pele era mais clara, diferente tanto de um lado quanto a do outro.
O que o ardiloso senhor do engenho fazia então? Dizia a essa criança, tu és diferente, tu não és preto como eles, porém ao mesmo tempo não dizia que era branco. Notaram bem isso? Tu não és preto, mas também não és branco, tu és diferente.
Pronto, foi retirado toda sua cultura, toda sua origem; em resumo, tu é algo diferente, estranho, não fazes parte daqui ou de lá.
Como foram comquistados e subjulgados os povos anteriores? Retirando suas referencias culturais e históricas.

[Só uma observação da minha parte para elucidar algo que nos passa desapercebido na história, a queima dos livros de registros dos escravos sequestrados da Africa por parte  do tal de Rui Barbosa, onde ele alegou que a escravidão foi uma mancha negra em nossa história e deveria ser apagada. Malandragem né! Foi-se então a referencia daqueles que foram sequestrados da Africa.]

Dessa forma essa criança ficava dentro da casa do senhor e recebia um tratamento diferenciado, porém ela não fazia parte da sociedade que vivia. Era discriminado pelas duas partes por ser algo diferente. Não possuía um identidade definida, justamente para desunir mais ainda os escravos, dessa forma ele não era reconhecido por ambos os lados, ele era um caso a parte. Mas ainda sim ele continuava sendo um escravo, porém com uma vida menos difícil que a dos outros em comparação.
Ele era um ser único, sem referencias e sozinho nessa sociedade.
Novamente vemos o racismo que gera na maioria das vezes e o isolacionismo, vide que somos diferentes um do outro devido a falta de referencias sobre nós mesmos. E hoje em dia como somos uma mistura gerada por tudo isso que vimos anteriormente,  temos em nossa sociedade atual diversos problemas como: a falta de referência para nossa arvore genealógica como brasileiros, a perda da referencia cultural, o racismo velado e aberto dentro e fora da própria etnia, a questão do isolacionismo quanto sobrevivência e por ai se vai.

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Agora sim podemos entender porque algumas coisas não funcionam direito e todas são frutos lááááááá no inicio da formação do Brasil e da América Latina.
Portanto, não fique surpreso ou assustado se alguém quiser formar uma nova entidade dentro de outra entidade.
Como a historias nos diz e mostra, é mais fácil desagregar do que reunir as pessoas.
E é assim que se formam os grupinhos.
E quando existe discordância dentro deles, se forma outra entidade.
E no final das contas, cada um se torna uma entidade composta de um único membro.
EU!

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